Como o crescimento menor da população brasileira pode impactar indicadores econômicos; entenda

Os números apontaram que o Brasil tem 203 milhões de habitantes, 4,7 milhões a menos que estimativa do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo especialistas, essa nova realidade traz efeitos positivos para a taxa de desemprego e o PIB. Como o crescimento menor da população brasileira pode impactar indicadores econômicos; entenda
O menor crescimento da população brasileira, revelado pelo Censo Demográfico de 2022, terá impactos em diversos indicadores econômicos. Os números apontaram que o Brasil tem 203 milhões de habitantes, 4,7 milhões a menos que estimativa do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Um dos principais efeitos dessa nova realidade poderá ser observado na taxa de desemprego, conforme aponta o economista Samuel Pessoa.
“Como mais ou menos metade dos trabalhadores são formais e esse não vai mudar, porque esse a gente tem uma observação direta independente do Ministério do Trabalho, muito provavelmente a população ocupada como proporção da população total subiu. Então, a taxa de desemprego deve ter caído”, afirma o economista.
Ele, no entanto, ressalta que embora seja necessário considerar uma abordagem mais ampla para avaliar esse indicador, na dimensão ou oportunidade de emprego, isso é visto como uma boa notícia.
Um dos indicadores da qualidade do mercado de trabalho, não único, é a taxa de desemprego. Se ela cair um pouquinho, é sinal que o mercado de trabalho tem funcionado melhor. A gente sabe que existe precarização, que os salários são baixos… Tem inúmeros outros problemas. Mas, pelo menos na dimensão ou oportunidade de emprego, é uma notícia boa”, afirma o economista.
PIB deve sofrer aumento
Por outro lado, a pesquisadora Silvia Matos, do FGV/IBRE aponta que o crescimento menor da população pode resultar em um PIB per capita maior, ou seja, uma divisão do produto interno bruto (PIB) por um número menor de pessoas. Isso, na teoria, significa que cada pessoa teria uma fatia maior do “bolo” econômico.
Os cálculos, segundo a pesquisadora, mostram um aumento significativo do PIB per capita, de quase 6%, em comparação às estimativas anteriores.
“Como o PIB é o mesmo, é como se a gente estivesse dividindo o bolo, que é o PIB, por um número menor de pessoas. Por isso, quando a gente calcula o PIB per capita – que é o total do PIB da economia sobre o total da população -, nossos cálculos mostram um aumento desse PIB per capita. E o número é significativo, né? A gente tinha uma estimativa anterior de um PIB per capita em torno de R$ 46,2 mil por pessoa em 2022. Isso passou para R$ 48,8 mil. Isso é um crescimento de quase 6%”, explica Silvia Matos, pesquisadora do FGV/IBRE.
A pesquisadora, no entanto, ressalta que a análise apenas do PIB per capita não revela a distribuição equitativa dos recursos econômicos. Nesse sentido, ela destaca a importância de uma agenda de equidade e uma melhor divisão dos recursos, além do crescimento econômico, para reduzir as desigualdades.
“Se a população é menor, esse PIB fica melhor. Todo mundo diz, mas ele está indo igualmente para todas as pessoas? Com certeza não, né? Então, essa agenda de ter mais equidade, melhor divisão desse bolo, ela é extremamente importante. Não é simplesmente dividir esses recursos, porque também nós precisamos da agenda de crescimento econômico e o setor público, cumprindo o seu papel de reduzir as desigualdades iniciais”, afirma Silvia Matos.
LEIA TAMBÉM
g1 publica reportagens com a população atualizada de todos os 5.570 municípios brasileiros no Censo do IBGE; consulte sua cidade
Censo 2022: Brasil tem 203 milhões de habitantes, 4,7 milhões a menos que estimativa do IBGE