Calculadora de renda fixa: saiba quanto rende investir com juros a 11,75%

O g1 preparou uma calculadora para te ajudar a saber quanto rende investir nos principais produtos de renda fixa do mercado por tempo determinado. Os cálculos foram feitos com a ajuda de Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor. O levantamento considera a taxa de juros atual, que está na casa dos 12,75% ao ano
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Uma das formas mais conhecidas de aumentar o patrimônio pessoal é investir. Especialistas indicam que brasileiros sempre procurem aplicar seu dinheiro, seja qual for o motivo — uma viagem, projeto pessoal ou se aposentar. (veja mais abaixo alguns cuidados antes de aplicar)
Um dos investimentos mais populares no mercado é a renda fixa. O termo se refere a produtos que possuem uma taxa de retorno garantida. Ou seja, na prática, o brasileiro já sabe que terá ganhos no final.
Por exemplo, se o investidor colocar hoje R$ 1 mil em Tesouro Selic (título público atrelado à taxa básica de juros), o retorno em 12 meses será de aproximadamente R$ 1.124,50. Isso considerando uma taxa constante no período.
Para te ajudar a saber quanto rende investir nos principais produtos do mercado, o g1 preparou uma calculadora de renda fixa. Os cálculos foram feitos com a ajuda de Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor. (veja abaixo)

Os números acima não representam recomendações de investimento; apenas mostram o retorno médio dos produtos disponíveis no mercado.
Além disso, a calculadora considera apenas o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+ de 2029, por ser um dos produtos mais usados por investidores, afirma Viriato. Há opções semelhantes e com outros vencimentos, que podem ser checados no site do Tesouro Direto.
O levantamento também considera a taxa de juros atual, que está na casa dos 11,75% ao ano. A depender da movimentação do Copom (Comitê de Política Monetária), o rendimento de cada item pode mudar — a próxima reunião do Banco Central será em 30 e 31 de janeiro de 2024.
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Como funciona cada produto da calculadora?
Poupança: O investidor coloca o dinheiro na caderneta de poupança esperando um retorno financeiro ao longo do tempo. Nesse período, o dinheiro é emprestado ao banco, que o utiliza para oferecer empréstimos. Esse é um dos produtos mais investidos pelos brasileiros.
CDBs (Certificado de Depósito Bancário): A modalidade funciona como um empréstimo para bancos médios e grandes. As instituições financeiras pedem dinheiro para ampliar as operações, oferecendo taxas diferentes de retorno. Quanto mais atrativa, maior é o risco-retorno. (entenda mais abaixo)
LCI (Letra de crédito imobiliário): O dinheiro é emprestado a um banco ou instituição, com o compromisso de investir em créditos imobiliários.
LCA (Letra de crédito do agronegócio): A regra é semelhante ao LCI, mas o dinheiro é investido no setor agro.
LC (Letras de Câmbio): O produto funciona como o CDB (Certificado de Depósito Bancário). Mas, ao invés de ser emprestado para instituições financeiras, o dinheiro vai para sociedades de crédito, financiamento e investimento, popularmente conhecidas como financeiras. E, apesar do nome remeter à troca de papel-moeda, não tem nada a ver com operações de câmbio.
Debêntures: O produto funciona como um mecanismo das empresas para captarem recursos. As companhias emitem uma debênture (dívida), em que investidores colocam dinheiro esperando um retorno no longo prazo. As debêntures incentivadas costumam ser mais atrativas porque são isentas de Imposto de Renda.
CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários): O investimento é usado para financiar transações do mercado imobiliário. Uma imobiliária, por exemplo, emite um CRI para captar recursos de investidores e oferecer, além de um retorno financeiro, o valor dos aluguéis como garantia.
CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio): O CRA funciona na mesma regra que o CRI. Porém, o dinheiro captado é usado na ampliação ou compra de terras no agronegócio.
Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+: Os títulos públicos são emitidos pelo governo e comercializados na plataforma do Tesouro Direto. O investidor empresta dinheiro diretamente para o Tesouro, com a expectativa de receber um valor maior depois de um prazo definido. O que pode variar é o indexador (taxa de referência usada na rentabilidade do produto), que pode ser a inflação ou os juros, por exemplo.
Todos os itens acima podem ser investidos em corretoras. A disponibilidade dos produtos, no entanto, pode variar conforme o perfil do investidor: quem aceitar correr mais riscos, maior será a quantidade de produtos disponíveis e com rentabilidades mais atrativas.
Dicas e cuidados antes de investir em renda fixa
Segundo o economista André Perfeito, a primeira dica que os brasileiros precisam ter para investir em renda fixa é entender o motivo pelo qual estão investindo. Isso porque os produtos oferecem diversos prazos de vencimento e, em alguns casos, não é possível tirar o dinheiro antes da data.
Por exemplo, se a pessoa visa se aposentar em 2045, o especialista recomenda que o produto tenha uma data de vencimento para daqui a 23 anos. E só é possível tirar o dinheiro investido antes do prazo se o produto está atrelado ao governo — opções como esse são chamadas de títulos públicos.
Se o investimento é oferecido por uma empresa, pode haver uma taxa caso o investidor queira sacar o dinheiro antes.
Por isso, Victor Oliveira, sócio da Grão Investimentos, recomenda que o investidor não se concentre em um único ativo e diversifique a carteira (compre mais de um produto de renda fixa), visto que se for preciso tirar o dinheiro por algum imprevisto, não seja prejudicado pela taxa.
Além disso, a diversificação, segundo os especialistas, é o melhor mecanismo para não perder dinheiro, caso algum produto não renda conforme o esperado — ou fique no negativo. Pois, enquanto um lado cai, outro investimento pode render mais e, assim, balancear a carteira do investidor no final das contas.
Os especialistas ressaltam também que outro ponto importante para ficar no radar dos investidores é o risco de calote. De acordo com Perfeito, a probabilidade de o governo não arcar com as dívidas é muito menor do que alguma empresa.
“Por isso, o investidor precisa saber avaliar os produtos de renda fixa. Enquanto existem diversas informações sobre as políticas econômicas do governo, as empresas muitas vezes não têm dados suficientes para trazer segurança ao investidor, mesmo as de capital aberto (que são obrigadas a publicarem o balanço financeiro, por exemplo)”, diz o economista.
Dessa forma, as empresas tendem a oferecer retornos melhores para atrair mais investidores. Isso é chamado de risco-retorno.
O sócio da Grão Investimentos explica que “[o investidor] não deve acreditar em promessas de rentabilidade sem nenhum risco”, pois, segundo o especialista, empresas com promessas impossíveis muito provavelmente não conseguirão arcar com dívidas.
Vale lembrar que existe o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) — uma instituição privada e sem fins lucrativos que protege investidores em caso de problemas com as instituições financeiras. O Fundo oferece uma garantia de até R$ 250 mil, e cobre:
Depósitos à vista;
Poupança;
CDBs;
RDBs (Recibos de Depósitos Bancário);
LCIs e LCAs;
LCs
LHs (Letras Hipotecárias).
Especialistas destacam, no entanto, que mesmo com a garantia do FGC, é importante que o investidor conheça bem o produto no qual aloca seus recursos.