Fed mantém juros dos Estados Unidos na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano e sinaliza fim do ciclo de alta

Referencial permaneceu inalterado pela terceira reunião consecutiva. Juros do país seguem no maior patamar desde 2001. Sede do Federal Reserv (Fed), Banco Central dos EUA.
REUTERS/Joshua Roberts
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manteve os juros do país inalterados nesta quarta-feira (13), em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001.
A decisão já era esperada pelo mercado e veio após o comitê ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em novembro.
Em entrevista a jornalistas após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que os aumentos dos juros do país podem ter chegado ao fim. Mas ponderou.
“Embora acreditemos que nossa taxa de juros esteja no pico do ciclo de aperto monetário ou perto dele, a economia surpreendeu analistas”, disse.
O chefe do BC norte-americano também afirmou que, embora não vejam como provável a elevação da taxa de juros, as autoridades do Fed não querem tirar a possibilidade da mesa. “Estamos preparados para apertar ainda mais a política monetária, se for apropriado.”
Mudanças no comunicado
Ao publicar a decisão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica do país “desacelerou em relação ao ritmo forte registrado no terceiro trimestre”.
A afirmação representa uma atualização frente ao último comunicado, em novembro, quando o colegiado destacou o avanço do ritmo da atividade econômica. Entre julho e setembro, o PIB norte-americano subiu a uma taxa anual de 4,9%, o maior crescimento desde 2021.
Outra mudança está no trecho em que o Fomc menciona a inflação. O colegiado reafirmou que a taxa segue elevada nos Estados Unidos, mas, dessa vez, reconheceu que “a inflação diminuiu no último ano”.

Na decisão desta quarta-feira, o Fomc também voltou a mencionar que os ganhos no emprego foram moderados desde o início do ano, mas continuam fortes, e que a taxa de desemprego permaneceu baixa.
O Fed tem monitorado de perto o mercado de trabalho e seus reflexos na inflação. Na prática, um mercado aquecido gera mais vagas de emprego, mais contratações e aumentos salariais — o que tende a injetar mais dinheiro na economia e, assim, aumentar a inflação.
“O comitê procura atingir o nível máximo de emprego e levar a inflação à taxa de 2% a longo prazo”, continuou o Fomc no comunicado, destacando que, ao determinar “a extensão do reforço adicional” que pode ser apropriado para atingir esses objetivos, levará em consideração:
o aperto cumulativo da política monetária;
a defasagem dos efeitos do aumento de juros na atividade econômica e na inflação;
e os fatores econômicos e financeiros.
“Além disso, o Comitê continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, conforme descrito nos seus planos anunciados anteriormente”, acrescentou.
Por fim, o comunicado do Fomc voltou a reforçar que o sistema bancário dos EUA é “sólido e resiliente”, e afirmou que condições mais restritivas de crédito para as empresas e as famílias “poderão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação”.
“A extensão desses efeitos permanece incerta. O Comitê continua muito atento aos riscos de inflação”, concluiu a nota.
Reflexos dos juros norte-americanos
Os juros ainda em níveis elevados nos Estados Unidos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e devem continuar a refletir nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de uma melhor remuneração.
No cenário macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também se refletem no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.
No Brasil, investidores seguem na expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que será divulgada ainda nesta quarta.
A maior parte do mercado aposta em uma nova redução da taxa básica de juros (Selic), em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano